BRASIL – Um levantamento realizado pelo Instituto Patrícia Galvão em parceria com a empresa Consulting do Brasil revelou que 21% das mulheres brasileiras já sofreram ameaças de morte de parceiros ou ex-parceiros românticos. Além disso, seis em cada dez conhecem ao menos uma pessoa que enfrentou essa situação.
Entre as vítimas, a maioria são mulheres negras, segundo a pesquisa divulgada nesta segunda-feira (25), que contou com apoio do Ministério das Mulheres.
O estudo, intitulado "Medo, ameaça e risco: percepções e vivências das mulheres sobre violência doméstica e feminicídio", também revelou que seis em cada dez mulheres ameaçadas de morte decidiram romper com seus agressores após a intimidação.
Essa decisão foi mais frequente entre mulheres negras. No entanto, apenas 30% das vítimas prestaram queixa à polícia, e 17% buscaram medidas protetivas, apesar do medo relatado por 44% das entrevistadas.
A pesquisa destaca que duas em cada três mulheres acreditam que os agressores permanecem impunes, o que, segundo 60% das participantes, está diretamente relacionado ao aumento dos casos de feminicídio. Entre as entrevistadas, 42% acreditam que muitas vítimas subestimam as ameaças, considerando improvável que elas sejam concretizadas.
Feminicídio e violência estrutural
A história de Zilma Dias, uma diarista que perdeu a sobrinha assassinada pelo ex-companheiro, ilustra o impacto devastador do feminicídio. Camila, de 17 anos, foi morta com 12 facadas diante da filha do casal após tentar se afastar do agressor. O criminoso só foi preso após cometer outro delito, sendo condenado a 13 anos de prisão.
Zilma também foi vítima de violência doméstica, enfrentando anos de agressões e controle por parte de seu ex-companheiro. Ela relata ter vivido em cárcere privado, sendo proibida de trabalhar e até mesmo de se alimentar adequadamente para evitar punições. Apesar das ameaças constantes, conseguiu romper o ciclo de violência e recomeçar a vida. O agressor, no entanto, cometeu feminicídio contra outra companheira e foi condenado a 25 anos de prisão.
Apoio e combate à violência
A pesquisa mostra que 80% das mulheres avaliam como insuficiente a rede de atendimento às vítimas de violência, apesar de reconhecerem sua importância. Campanhas de conscientização e o uso de redes sociais são apontados como ferramentas eficazes para estimular denúncias.
Quem precisa de ajuda pode recorrer ao telefone 180, às delegacias especializadas ou à Casa da Mulher Brasileira, presente em dez cidades do país. A versão completa da pesquisa está disponível no site do Instituto Patrícia Galvão, que também oferece informações sobre os diversos tipos de violência contra mulheres.
Fonte: Agência Brasil